terça-feira, 26 de maio de 2009

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente! 
Amar só por amar: aqui... além... 
Mais este e aquele, o outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disse que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente! 

Há uma primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar

Florbela Espanca

sexta-feira, 15 de maio de 2009

É DE LÁGRIMA

É de lágrima
que faço o mar pra navegar
vamo lá
eu não vi não final
sei que o daqui
teimou de vir
tenaz assim feito passarim

é de mágica
que eu dobro a vida em flor
assim
e ao senhor de iludir
manda avisar
que esse daqui
tem muito mais amor pra dar

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


TREZE

Cansado de ser servido,
em prantos regados de cor e som
para comensais risonhos,
que dilaceram nossos valores,
com os dentes afiados.
Quero agora, no momento lúcido
gritar o necessário fato,
de que os treze ou treze
não nos diz nada além
do que vocês, caros convivas,
querem mostrar, encobrir, ostentar.
Criaram fotos coloridas,
comemorações festivas,
toques de tambores e atabaques,
para mostrar que somos
livres, felizes, e aceitos.
Tolas mentiras!
somos sim:
lascas de suor,
cortes de chicotes,
cheiro de fogão
entradas de serviço.
Precisamos fazer algo sim
para que ao invés
do paternalismo brutal
da gentil princesinha
haja a liberdade
de podermos realmente
abrir a porta desta senzala
para fazer a festa da cor real
do som dos atabaques
de danças e corpos
que rasgarão a noite,
os tempos
no verdadeiro canto
da ABOLIÇÃO que ainda não houve.

sábado, 24 de janeiro de 2009

IMPROVISO INSENSATO
(Davi Drummond)

sem papel
ou guardanapo
o poeta disfarça
emudece e segue
seu caminho

deixa para
o mundo
a poesia que
ninguém fala
ninguém sabe
ninguém viu

mas todo
aquele que
ali passou
tem a certeza
de que senti

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar... Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Abro o jogo!
Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza.
Há verdades que nem a Deus eu
contei. E nem a mim mesma. Sou
um segredo fechado a sete chaves.
Por favor me poupem".

(Clarice Lispector)



Se queres sentir a felicidade de amar, 

esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo
Porque os corpos se entendem, 
mas as almas não.

Manuel Bandeira